Banda de música e seu maestro: Aliomar Baleeiro e o golpe de 1964 se propõe a aprofundar a interpretação do elemento civil presente no processo do golpe empresarial-militar de 1964 por meio de um estudo de caso específico. Ao longo do texto, procuramos entender se existia, no contexto de crise orgânica dos anos 1960, uma congruência organicamente ideológica unificando setores da sociedade civil em prol de uma causa comum que possibilitou a construção do caminho do golpe empresarial-militar de 1964. Como hipótese central, consideramos que a trajetória de Aliomar Baleeiro, líder da Banda de Música da União Democrática Nacional (UDN), e sua rede de relações indica que a atuação de civis e militares no processo de instauração da ditadura empresarial-militar no Brasil resultou do fato de pertencerem a uma «elite orgânica», compartilhando pontos de vista ideológicos em relação à conjuntura de crise e sua superação. Entendemos então que Aliomar Baleeiro agia como um intelectual orgânico da classe dominante, sendo porta-voz do ideário produzido ao longo das décadas de 1950 e 1960, acentuado no período imediatamente anterior ao golpe de empresarial-militar de 1964. Com base em seu arquivo pessoal, depositado no CPDOC, buscamos mostrar como Aliomar Baleeiro atuou alinhavando correntes civis e militares nos estertores do golpe, orquestrando suportes e posições que subsidiaram a conjuntura.