bookmate game

Katia de Queirós Mattoso

  • John Lorezfez uma citaçãohá 10 meses
    As características da escravidão no século XIX foram então: tráfico negreiro na ilegalidade após 1830 e transferência da mão de obra escrava das regiões em depressão econômica do norte e do nordeste para os novos centros de desenvolvimento do centro e do sul. O tráfico interno que teve início no século XVIII era conjuntural. Na realidade, durante os três séculos de desenvolvimento do Brasil baseado no trabalho escravo, o tráfico, o tráfico atlântico e o tráfico interno produziram as mesmas práticas e os mesmos usos. Os mercadores de escravos rapidamente se adaptaram. Os métodos eficazes considerados os mais rentáveis deviam transformar os cativos em escravos ou o lavrador em garimpeiro. Desembarcado, engordado e depois vendido, esse era o destino do homem negro, quem fosse ele e de onde viesse.
  • John Lorezfez uma citaçãohá 10 meses
    Os historiadores brasileiros por muito tempo se contentaram em descrever o negro vindo do outro lado do Atlântico como um escravo dócil e preparado para a sua nova condição, pois algumas formas de escravidão já existiam, havia muitos séculos, no continente africano.
  • John Lorezfez uma citaçãohá 10 meses
    Na África, o escravo não era necessariamente usado na agricultura; algumas vezes da mesma etnia que a do senhor e sempre da mesma cor, ele podia ser um escravo pessoal de um senhor poderoso; de qualquer forma, permanecia na região de origem, em seu ambiente físico, cultural e pessoal. Sua adaptação era facilitada pela cultura conhecida, pelo modo de vida quase familiar.
  • John Lorezfez uma citaçãohá 10 meses
    Com efeito, no Brasil, tratava-se de um tipo de escravidão que deveria contribuir para o desenvolvimento da produção agrícola, da exploração de pedras ou metais preciosos e, em certos centros urbanos, da produção artesanal e de serviços sociais.
  • John Lorezfez uma citaçãohá 10 meses
    Esse tipo de escravidão se aproximava mais de uma escravidão antiga do que daquela da sociedade patriarcal africana.
  • John Lorezfez uma citaçãohá 10 meses
    As respostas a essas questões só poderão ser sugeridas na medida em que ficar um pouco mais conhecida a infinita variedade das condições materiais e afetivas da vida dos escravos brasileiros no decorrer dos três séculos de história da escravidão.
  • John Lorezfez uma citaçãohá 10 meses
    Quantos tipos de escravo existiam?
  • John Lorezfez uma citaçãohá 10 meses
    Falar de condições materiais e afetivas do escravo já representa avançar muito na análise, sugerindo que o cativo é um escravo inserido na sociedade global. Essa passagem, no entanto, deve ser apreendida a partir do momento em que o cativo é vendido e comprado para um novo trabalho por meio do qual talvez readquira uma personalidade, já que a captura, o cativeiro e a venda fizeram dele, em primeiro lugar, um objeto, uma mercadoria para a qual foi negada qualquer vontade própria.
  • John Lorezfez uma citaçãohá 10 meses
    Aquele que era encontrado nas primeiras horas de cativeiro dava-se o nome de amigo malembo. A amizade assim iniciada criava verdadeiros laços de solidariedade, acarretando intensas obrigações de ajuda: em 1836, por exemplo, um alforriado dirigia uma verdadeira empresa, cujo objetivo era levar para a África cerca de 200 alforriados baianos. Ele fretou um navio inglês pela quantia de 5.000.000 réis (875 libras esterlinas da época) para reconduzi-los aos portos africanos de onde tinham partido: Onim, atual Lagos. Ora, esse negro fazia parte do carregamento que chegou à Bahia em 1821, pela embarcação Emilia: “Tendo adquirido certa confiança entre seus concidadãos emancipados, ele a utilizou para incitá-los a voltar para sua terra natal. Para facilitar a operação, ele vendeu para vários escravos sua propriedade pessoal e deu liberdade a seis outros, que deviam acompanhá-lo”. Pois bem, entre os 200 viajantes, 60 fizeram parte do carregamento do Emilia. Podemos citar também o caso conhecido do rei africano chamado de Chico-Rei pelos brasileiros que, capturado com vários membros de sua família e de sua comunidade e vendido em Minas Gerais, conseguiu se libertar e comprar, um a um, os escravos de sua tribo.
  • John Lorezfez uma citaçãohá 10 meses
    Exemplares, esses casos eram frequentes. Quem mantinha laços privilegiados com os outros era mais feliz do que a maioria dos escravos vendidos isolados e entregues sozinhos ao comprador que, na maioria das vezes, preferia misturar as etnias, pois temia pela segurança.
fb2epub
Arraste e solte seus arquivos (não mais do que 5 por vez)