Tomando como ponto de partida o tema da Historia magistra vitae, da narrativa histórica como um repositório de ensinamentos morais sobre a maneira pela qual os homens deveriam conduzir suas vidas, Marcos Antônio Lopes empreende uma investigação sobre como antigos e modernos concebiam a História. E uma das principais conclusões é a de que, até ao menos o século XIX, ainda é possível detectar no discurso histórico a permanência da antiga concepção segundo a qual o estudo do passado comportava um compromisso, por um lado, com juízos e impressões morais e, por outro, com a complexidade da forma, a eloquência narrativa e as figuras de linguagem, artifícios tomados de empréstimo à ars rhetorica a fim de conferir à ars historica elegância e beleza. São as particularidades de um conhecimento que comporta muito de disciplina, de rigor crítico e de distanciamento — mas não pouco de enunciação literária e de envolvimento passional com o seu objeto –, que o autor explora aqui, leitura para todos os interessados em compreender um pouco mais acerca do funcionamento da «oficina da História».