Uma narrativa emocionante pela voz de Maureen Miranda O primeiro conto de Maureen Miranda, “Ramira”, conta a saga dessa personagem que, não se enquadrando com o assustador panorama político da cidade em que mora, parte em busca de um novo local, onde possa encontrar a paz. Em “A vida de Sunny”, uma mãe que se prostitui tranca a filha no armário por não ser capaz de encaixá-la em seu cotidiano. «O filho que não tive” registra a correspondência imaginária de uma mulher que, apesar do sonho de criança em ser mãe, se vê próxima aos cinquenta sem concretizar o desejo da maternidade. Esses são alguns dos contos que compõe Cidade Velha, obra que espelha a arte singular de Maureen Miranda, cuja prosa em narrativa curta é uma potência que surpreende cada vez mais leitores. Os leitores vão perceber que Cidade Velha é não apenas uma obra de autoria feminina, mas uma proposta literária em que protagonistas e narradores são mulheres. E, como está destacado em um dos contos, «ser mulher é ser forte”. As frases impactantes traduzem a complexidade de personagens em travessias desafiadoras: «Penso em riscar rios em mim. Rios cheios de águas minhas, mas onde desaguariam não sei.” A autora, como uma de suas narradoras, sabe que «todas as vidas são parecidas, com bênçãos e tragédias, só a ordem das coisas é que são alteradas”. E com enredos incomuns, Cidade Velha apresenta um mundo inédito e inesquecível.