A mulher que perde o marido é viúva; a que perde os pais é órfã. A mulher que perde o filho é algo que não cabe em palavras. Essa experiência — a maior dor do mundo — não é passível de nomeação. Vivenciar o inominável é voltar à condição alheia de criança recém-nascida, incapaz de concretizar qualquer estímulo que não venha das próprias vísceras. O mundo de fora fica mudo; o de dentro, grita a cada toque. Como se sente a mulher diante da morte de um filho? Esse questionamento é, de certa forma, o start para o livro A Lua e o Girassol: um dia mães em luto; outro dia, mães em Luz, autoria de Marina Miranda Fiuza, a partir de depoimentos de sete mães cujo filhos, de diferentes idades, faleceram em circunstâncias diversas. Lançado pela Primavera Editorial, a obra conta com o prefácio do escritor português, Valter Hugo Mãe.
«As mães e os pais dos mortos são muito sem sentido. Nem sempre sabemos onde têm a cabeça ou os pés porque tanto daquilo que os ordena é agora de outra natureza. Ficámos diante dessas pessoas pasmando, porque elas contêm uma ciência que nenhuma biblioteca vai conter, simplesmente porque não há como explicar o absurdo, ele é uma experiência indizível que os livros imitarão sem sucesso algum.»
— Valter Hugo Mãe