Imogen, obviamente

Ela está me olhando como se eu fosse algo para o qual você faz um desejo. Uma estrela cadente, várias velinhas de aniversário, 11h11.

Não erro uma única palavra. Sempre me espanta como a música é capaz de fazer isso — como finca raízes no cérebro. Basta fechar os olhos para viajar no tempo.

Então ela afunda a cara na curva de meu pescoço, e toda respiração que ela solta é como uma carta de amor.

Ela observa meu rosto como se memorizasse um poema.

É como aprender a ler — a forma como as letras e os fonemas se encaixam. A explosão súbita de sentido.

Nossas mãos se encontram, os dedos se encaixando como notas numa música.

É como encontrar Wally e perceber que, na verdade, ele nunca esteve escondido.

E, em retrospecto, talvez isso significasse alguma coisa.

Todos esses momentos, dispersos e separados. Todos esses pontos desconectados.

Nossos olhares se encontram e, em meu cérebro, é uma alvorada.

Tento me concentrar na música porque não quero perder o verso em que Clairo diz que ama Sofia de cabelo solto. Sinto um nó na garganta toda vez — há algo tão sincero naquilo. Imagine ser amada de cabelo solto. Ser amada sem segundas intenções, sem uma plateia. Nunca ter que fazer de tudo para conseguir. Amor sem modulação.