Em 1979, mais de setenta mil trabalhadores ocuparam o estádio de futebol da Vila Euclides, em São Bernardo do Campo, para debater a greve que, entre paralisações e tréguas, durou sessenta dias. Quarenta anos depois, a publicação de O pão e a pedra traz à cena os principais agentes daquele momento histórico: o “novo sindicalismo”, a igreja católica progressista e o movimento estudantil de esquerda.
Escrita em 2016, a peça da Companhia do Latão aborda a greve no ABC paulista sob o ângulo daqueles trabalhadores que aprendiam com o engajamento político e lutavam contra a opressão patronal e policial em meio ao embate cotidiano com a vida coisificada.
De alto valor documental, O pão e a pedra permite discutir ainda outras questões, como a desigualdade salarial entre homens e mulheres, o retorno do imaginário religioso à política brasileira, o destino do movimento trabalhista, além de escancarar a reflexão sobre o versículo que a intitula: «Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão?».