Um dia você entrará despretensiosamente em uma livraria e quando estiver distraída olhando alguns títulos, irá se deparar com o meu nome em uma das capas.
Surpresa, você levará este livro às mãos, lerá o título, a sinopse, descansará seus olhos em meu nome, bombardeada por lembranças empoeiradas deixadas no fundo da gaveta do passado. Todavia, voltará à realidade ao encontrar uma foto minha ali. Vai notar que estou diferente, que melhorei em relação a sua última memória sobre mim. Porém, folheando atentamente página por página e lendo as primeiras frases que externei, verá que meu jeito de escrever não mudou, que é o mesmo daquelas cartas de amor que escrevi à você em um passado cada vez mais distante, lúdico e irreal.
Um dia, você verá o meu nome em destaque entre tantos títulos expostos em uma livraria aconchegante e movimentada, e a lembrança do que fomos te tocará a pele, mas esse atrito já não reacenderá nossas fogueiras.
Já não haverá mágoa, culpa ou remorso, apenas a nostalgia daquele doce fim de tarde que dividimos em uma outra vida da qual já não pertencemos.
Você vai descobrir que enfim tive coragem de libertar minha arte para o mundo. Talvez nesse momento, secretamente sinta orgulho de mim.
Eu sei que você levará este livro para casa, eu sei que você irá devorar cada palavra como se ouvisse minha voz e sei que irá guardá-lo ao lado da cama para não se sentir tão sozinha. E quando findar a leitura, entenderá que eu sempre estive com você.
Tenha cuidado com as livrarias, menina… Quando me encontrar entre as estantes perceberá que eu ainda habito as tuas prateleiras emocionais.