A obra reúne pela primeira vez em tradução ao português as quatro principais versões dessas teses de Walter Benjamin, que lançam uma luz totalmente inusitada sobre este texto escrito há oitenta anos: a versão do manuscrito de Hannah Arendt, a que havia sido conservada por Georges Bataille (recuperada por Giorgio Agamben em 1981), a versão francesa e a versão final, transcrita em 1942 por Gretel Adorno.
Poucos textos na história do século XX, sobretudo quando levamos em conta os textos filosóficos e de teoria, tiveram um nascimento tão conturbado e marcado pelos acontecimentos históricos como as teses Sobre o conceito de história de Walter Benjamin. O fato de um acúmulo inaudito de perseguição e violência ter se concentrado sobre uma pessoa que também era um dos pensadores mais criativos e revolucionários daquela época não poderia ficar sem consequências.
Benjamin atribuía um valor enorme a essas teses, mas, ao mesmo tempo, não pretendia publicá-las do modo que se encontravam. Em 7 de maio de 1940 ele escreve a Theodor W. Adorno anunciando o envio de “alguns fragmentos” que «apresentam uma certa etapa das minhas reflexões que dão continuidade ao 'Baudelaire'". A decisão de realizar uma tradução ao francês de suas teses mostra, no entanto, que ele planejava chegar a um ponto em que poderia sim publicar essas teses.
Evidentemente existe uma distância gigantesca entre se ler um texto no original, onde as palavras e rasuras podem fazer mais sentido, do que em uma tradução. Nesta edição, os tradutores Adalberto Müller e Márcio Seligmann-Silva optaram por deixar muitas dessas palavras e letras rasuradas de lado e assumiram que se trata de uma tradução que incorpora essas variantes riscadas e tropeços, como modo de indicar ao leitor não só outros caminhos na leitura, mas também a vida contida nestes textos.