Sessenta anos depois do golpe, os segredos e mentiras que marcaram a Ditadura Militar continuam a assombrar a democracia brasileira. Revelar os esqueletos escondidos nos porões é uma missão que Marcelo Godoy vem cumprindo com talento, coragem e precisão. Em 2014, publicou o clássico «A Casa da Vovó: uma biografia do DOI-Codi», com relatos inéditos de policiais e militares que atuaram nos centros de torturas e assassinatos do regime.
Dez anos depois, ele volta com uma história ainda mais surpreendente. “Cachorros” descreve a saga do agente Vinícius, nome de guerra de Severino Deodoro de Mello, militante histórico do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que se tornou o mais importante espião cooptado pela inteligência militar nos anos de chumbo. Mello contribuiu para dezenas de sequestros, mortes, prisões e desaparecimentos que ajudaram a neutralizar o PCB nos anos 1970.
Dessa forma, os militares pretendiam controlar o processo de abertura democrática sem a ameaça de um partido comunista organizado. Godoy junta neste livro o rigor do historiador, respaldado em documentos e pesquisas feitas em arquivos de cinco países, com a capacidade jornalística de narrar histórias envolventes, que ainda não foram contadas.
Bruno Paes Manso
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Marcelo Godoy é repórter e colunista do jornal O Estado de S. Paulo. É autor de «A Casa da Vovó, uma biografia do DOI-Codi (1969–1991), o centro de sequestro, tortura e morte da ditadura militar», também publicado pela Alameda, obra que recebeu os prêmios Jabuti (Livro do Ano de Não-Ficção) e de melhor ensaio social da Biblioteca Nacional. Godoy também é vencedor do prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos.