Não sei escrever em resumos, por isso vivo de textos sem finais.
Em “O cobre e os figos”, de Thays Horst, sentimos a presença tátil dos termos, a aspereza da palavra sede, a pulsação verde-enegrecida do fundo dos rios, a lisura da ponta dos dedos. Tocamos com os olhos o que se esfarela, o que se parte; o que, enfim, não cessa de se mover: um corpo, o desejo, a porção da página não ocupada, a porção ocupada por um verso urgente e repleto de nervos, músculos. Temos a sensação de que Horst escreve com as mãos, mas também com o que está dentro delas — tendões, veias, sangue. É pela presença aguda do corpo em cena que vamos nos colocando em cada um dos poemas do livro; como leitores, somos convocados à sua presença, ocupando pontas de versos e o coração de cada uma das páginas, sentindo ainda sua pulsação depois que elas acabam.