O discurso do ódio é um fenômeno social que está ligado à ideia de desprezo ou intolerância contra determinados grupos, menosprezando-os, desquali�ficando-os ou inferiorizando—
os pelo simples fato de pertencerem àquele determinado grupo, motivado por preconceitos ligados à etnia, religião, gênero, de� ciência, orientação sexual, nacionalidade, naturalidade,
dentre outros. Percebe-se a imprecisão e a complexidade do conceito sobre ódio e o provável poder que um discurso pode exercer na categorização deste fenômeno. Haveria um discurso
do ódio? Aliás, o que seria o ódio e qual a importância do discurso? O que o discurso procura convencer? Pode a linguagem convencer uma multidão ou um número hipoteticamente ilimitado de pessoas a sentirem ódio? Qual conflito fundamenta o ódio? Qual seria o bem jurídico tutelado nas vítimas atingidas pelo «discurso do ódio»? Qual o papel da internet e das redes sociais neste fenômeno?
A internet e a chamada sociedade da informação trouxeram revolução no trato das informações e transformação também nas relações surgidas neste novo panorama tecnológico e informacional, trazendo diversas modificações no campo da linguagem. A linguagem é entendida como ação, transformação, como um trabalho simbólico em que tomar a palavra é um ato social com todas as suas implicações, conflitos, reconhecimentos, relações de poder, constituição de identidade. É da linguagem transformada pelo uso de textos, imagens, vídeos, e compartilhamento de textos criados por outros participantes, que a redes sociais se avolumam em seus conteúdos, que em geral produzem uma sociabilidade por vezes nada ética ou pacífica.