Entre a utilidade, a necessidade, a proteção, o conforto, mas também entre a artificialidade, o sonho e a sedução, as roupas e os ornamentos afirmam traços humanos, revelam pertencimentos ou exclusões, assim como as diferenças entre uma natureza corporal e as marcas da cultura. Em sua aparente banalidade, constroem e também revelam as espessuras mais profundas de indivíduos e sociedades.
A ideia que guiou esta pesquisa foi a de encontrar traços, vestígios, nexos, fagulhas no fio do tempo das transformações relativas às necessidades de vestir-se de maneira especial e específica para praticar exercícios físicos e esportes em geral, de como essas necessidades se sofisticam, se especializam, constrangem e libertam. Nesse percurso, foi possível perceber como uma sensibilidade muda e considera impudico ou perverso, ou, ainda, libertador, uma dada peça de roupa, um modelo de calçado, um corte de cabelo. Esta pesquisa não se conclui, mas convida a perseguir as cores e texturas, a maciez e aspereza de tecidos e de formas, penetrando nas sombras dos pudores e da moral, nos preconceitos e nos constrangimentos, mas, também, na luminosidade das liberdades que elas, as roupas esportivas, também trazem.