Sob uma chuva imóvel, farejando as mais diversas pistas com nariz sutil, o narrador deste insólito romance segue rumo a uma Bulgária inventada ou imaginária (ou literária), lugar incomum montado a partir de colagens, nomes e palavras de teor e sonoridades ímpares, num diálogo que parte das invenções e do humor do também ímpar escritor Campos de Carvalho para chegar — renovado e revivido — ao leitor mais que contemporâneo.
Diante de tão supremo desafio, Augusto Guimaraens Cavalcanti revela uma rara habilidade para desbravar essas geografias distantes, para sondar o insondável e para desvelar (com a ajuda de renomados «bulgarólogos» e «bulgarósofos») uma cartografia muito própria, recheada de diversas referências linguísticas, poéticas ou futebolísticas, capaz de conduzir o leitor saborosamente por entre estas paisagens inesperadas — como só um ficcionista da mais alta estirpe é capaz de fazer.