Apresentamos neste livro uma leitura da — ou, mais que isso, um modo de ler a — obra do psicanalista e neurologista húngaro Sándor Ferenczi (1873–1933), que busca desdobrar duas dimensões fundamentais de sua teoria e prática, e sem as quais não conseguimos entrar em contato com toda a radicalidade de suas concepções e experimentações: o corpo e a relação. Como forma de nortear a leitura, introduzimos as figuras da expressão e da impressão. As figuras, por um lado, desempenham o papel de elos intermediários que apontam para a indissociabilidade entre o corpo e a dimensão relacional na obra ferencziana; por outro, evidenciam o caráter decididamente afirmativo do corpo em Ferenczi, enquanto potência de afetar o outro e de ser afetado pelo outro e, neste processo mesmo, desdobrar-se em novas maneiras de viver.