Livros
Eduardo Viveiros de Castro

Perspectivismo e multinaturalismo na América indígena

Capítulo 7 do livro A inconstância da alma selvagem (São Paulo: Ubu, 2017) este artigo apresenta um dos conceitos fundamentais de Eduardo Viveiros de Castro: o perspectivismo. Além dele, são discutidas as diferenças entre natureza e cultura, multiculturalismo e multinaturalismo. Um texto essencial para o pensamento antropológico contemporâneo.
142 páginas impressas
Detentor dos direitos autorais
Bookwire
Publicação original
2018
Ano da publicação
2018
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Citações

  • eaimankkdeboafez uma citaçãohá 2 meses
    Embora isso pareça ir ao encontro da noção ameríndia de que a humanidade é a forma universal da agência, o juízo de Marx é, na verdade, sua inversão absoluta. Ele está dizendo que os humanos podem ser qualquer animal, que temos mais Ser que qualquer outra espécie; os índios, ao contrário, dizem que qualquer animal pode ser humano, que há mais Ser em um animal do que parece. O Homem é o animal universal em dois sentidos inteiramente diferentes: a universalidade é antropocêntrica no caso de Marx, e antropomórfica no caso indígena.
  • eaimankkdeboafez uma citaçãohá 2 meses
    Ao criar um mundo objetivo por meio de sua atividade prática, ao trabalhar a natureza inorgânica, o homem prova a si mesmo ser uma espécie consciente [...] Sem dúvida, os animais também produzam [...] Mas um animal só produz o que necessita imediatamente para si mesmo ou sua prole. Ele produz unilateralmente, ao passo que o homem produz universalmente [...] Um animal só produz a si mesmo, enquanto o homem reproduz o todo da natureza [...] Um animal forma as coisas em conformidade com o padrão e as necessidades de sua espécie, ao passo que o homem produz em conformidade com os padrões de outras espécies (Marx 1961 [1844]: 75-76 apud Sahlins 1996).
  • eaimankkdeboafez uma citaçãohá 2 meses
    Deixemos claro: os animais e outros entes dotados de alma não são sujeitos porque são humanos (disfarçados), mas o contrário – eles são humanos porque são sujeitos (potenciais). Isto significa dizer que a Cultura é a natureza do Sujeito; ela é a forma pela qual todo agente experimenta sua própria natureza. O animismo não é uma projeção figurada das qualidades humanas substantivas sobre os não-humanos; o que ele exprime é uma equivalência real entre as relações que humanos e não-humanos mantêm consigo mesmos: os lobos veem os lobos como os humanos veem os humanos – como humanos. O homem pode bem ser, é claro, um “lobo para o homem”; mas, em outro sentido, o lobo é um homem para o lobo. Pois se, como sugeri, a condição comum aos humanos e animais é a humanidade, não a animalidade, é porque humanidade é o nome da forma geral do Sujeito.
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