Este excelente livro traz o frescor de uma psicanálise que ousa se repensar. Foi escrito por psicanalistas que se indagam sobre os avanços em seu tempo e mostram como as primeiras teorizações freudianas sobre as “neuroses atuais” podem ser renovadas para auxiliar na compreensão do mal-estar contemporâneo.
Os temas abordados aqui tratam daquilo que resiste à simbolização. Sua leitura, portanto, nos lança no campo das marcas que reaparecem como corpos estranhos e dos excessos que transbordam, seja pela impossibilidade da tramitação psíquica ou pela ausência da via representacional. É o campo da invasão pulsional do eu e da descarga em ato, decorrentes do fracasso do recalque primário e da irrupção da energia não ligada. É o campo, em suma, dos limites do psiquismo.
Os autores escrevem sobre o sofrimento dos sujeitos na atualidade e as formas de adoecimento que lhe são correlatas. Já não se trata apenas das neuroses históricas — como as denominou Freud –, mas das patologias de “borda”, cuja frequência aumentou vertiginosamente nas últimas décadas.
Encontramos aqui valioso auxílio teórico aos que se dedicam a enfrentar clinicamente, no trabalho diário, o padecimento dos sujeitos contemporâneos.
Ana Maria Sigal