Recordações do escrivão Isaías Caminha é a obra de estreia do Lima Barreto, publicada em 1909. Uma obra que mostra, a partir do ponto de vista de um homem negro, as diversas contradições que existiam na Primeira República Brasileira (1889–1930).
Esse livro conta a história de Isaías Caminha, um jovem negro que nasceu no interior do Rio de Janeiro. Por influência de seu pai, Isaías sempre estudou muito. Fez o curso primário, o liceu e se muda para a capital do país com o sonho de fazer faculdade de Medicina.
Porém, ele enfrenta muito preconceito no Rio de Janeiro. As recordações de Isaías Caminha nos mostram como o racismo e o autoritarismo estão impregnados na sociedade brasileira. Segundo a pesquisadora Fernanda Silva e Sousa, autora do posfácio desta edição, «no projeto de nação que se desenhava com o fim da escravidão e o início da República, não havia lugar para Isaías, muito menos para os seus sonhos».
Durante a história, Isaías demora muito tempo até conseguir um emprego. Depois de muitos nãos, ele consegue um trabalho como escrivão em um jornal importante da época. Como o jornal era o principal meio de comunicação da Primeira República, Lima Barreto utiliza esse ambiente de trabalho do Isaías Caminha para nos mostrar a força que a imprensa tinha naquele momento, funcionando como uma instituição de poder. «A Imprensa, a Onipotente Imprensa, o quarto poder fora da Constituição!» (trecho do livro).
Recordações do escrivão Isaías Caminha é um livro que «escancara a inadequação do projeto de nação e de modernidade, implantado no Brasil pela elite colonial/burguesa», conforme escreve o pesquisador Jorge Augusto na contracapa da nossa edição impressa.
Esta edição contém:
— Posfácio de Fernanda Silva e Sousa
— Ilustração colorida de Edson Ikê
— Notas de rodapé
— Fac-símiles das primeiras edições da obra