Em alguma atitude se apresenta, repousada em meio aos longes de umas massas de cor. Quase suspensa. Os pés da figura repousam frágeis. São contornos de cascos que não vencem. Os pés, qual é o apoio? Levitam ou tocam o mais escuro das tintas? Ao lado, desvio da cor. Mais fundo. Fundo? Há algo como fundo numa pintura? Em nenhuma circunstância. «Ela, ela, ela. Qual ela?… Onde está o seu tato.» As mãos pequenas de dedos finos descansam agarradas no volume das pernas. Volumosas pernas que se expandem no vestígio do assento. A infidelidade da figura requer imaginação: extirpar algo do vivo, «do corpo da linguagem, dos sons, da experiência visível». Quanto mais grotesca a forma, maior a autonomia da sua presença, portanto, mais desumana ela é. No avesso, a atitude é humana ao derrubar a formalidade da aparência. Incondicionalmente aguda, a figura separa e provoca. Sua inserção se expande por «capítulos», mimetizando o mito da figura, posta nua, sacode o fascínio esperado da arte e recupera o subterrâneo da história, ao qual pertence, e alegoriza a catástrofe do figurativo.