ISIDORO DEBORA

só tenho olhos para ele, o garoto magricelo e distante, que não fala, que se contenta em ouvir os outros dois sem interromper, sem nem sequer sorrir.

E só tenho olhos para ele, o garoto magricelo e distante, que não fala, que se contenta em ouvir os outros dois sem interromper, sem nem sequer sorrir.

fico calado é para não ter de enfrentar essa violência. Covardia? Talvez. Uma necessidade de me proteger, óbvio. Mas nunca vou mudar. Jamais pensarei: Isso é ruim, ou seria melhor ser como todo mundo, ou vou mentir para que eles me aceitem. Nunca. Eu me mantenho o que sou. Em silêncio, claro. Mas um silêncio teimoso. Orgulhoso.

Se fico calado é para não ter de enfrentar essa violência. Covardia? Talvez. Uma necessidade de me proteger, óbvio. Mas nunca vou mudar. Jamais pensarei: Isso é ruim, ou seria melhor ser como todo mundo, ou vou mentir para que eles me aceitem. Nunca. Eu me mantenho o que sou. Em silêncio, claro. Mas um silêncio teimoso. Orgulhoso

Em todo caso, gosto de repetir o primeiro nome para mim mesmo em segredo, em silêncio. Gosto de anotá-lo em pedaços de papel. Sou estupidamente sentimental. De qualquer maneira, isso não mudou muito.

Estou nesse estado de desejo unilateral, fadado, neste momento, a permanecer insatisfeito. Um amor não correspondido.

O sentimento de amor me transporta, me faz feliz. Mas também me queima, me é doloroso

Esse garoto, obviamente, não é para mim.

E nem é porque não sou suficientemente sedutor ou atraente. É porque ele não faz parte das possibilidades para os meninos. Não foi feito para eles, para aqueles como eu. São as meninas que vão ficar com ele.

Ele também gosta da solidão, é óbvio. Fuma sozinho. Fala pouco. Acima de tudo, tem aquela atitude, o corpo encostado na parede, o olhar voltado para o sol ou para o chão, para os tênis, esse jeito de estar ausente do mundo.

Acho que o amo por causa dessa solidão.